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Em 2023, Ermelinda José tinha 16 anos e frequentava a 6ª classe na vila sede do distrito de Mecubúri, província de Nampula. Antes de terminar o ano lectivo, ela engravidou e decidiu abandonar a escola.


“Eu sentia-me muito envergonhada porque os meus colegas riam-se de mim. Não tinha força de vontade para continuar a frequentar as aulas, ninguém me apoiava, tanto na escola como em casa”.

Sem apoio, Ermelinda desistiu da escola e dedicou-se a cuidar da sua gravidez. Deu à luz um menino e nesse momento já estava convencida de que nunca mais voltaria a sentar numa sala de aulas para estudar. Para ela, a escola estava reservada para raparigas sem filhos. Uma percepção que mudou depois de conhecer uma modelo de referência ligado ao programa AGE no distrito de Mecuburi.

Ermelinda foi incentivada a frequentar o clube de interesse criado na comunidade, onde passou a conhecer mais modelos de referência – designação dada às mulheres que superaram diversos obstáculos e, por meio da educação, tornaram-se exemplos a seguir na vida. Ao compartilharem as suas experiências, as modelos de referência promovem a empatia e estabelecem uma ligação com raparigas e seus pais, incentivando-os a perseguir os seus objectivos e a acreditar em seus sonhos.

Os clubes de interesse são uma iniciativa do programa AGE que reúnem raparigas e rapazes para discutir vários assuntos ligados à importância da educação. Um ciclo de clube de interesse tem a duração de três meses e, no final, os participantes são reintegrados no sistema de educação. Existem duas abordagens para reintegração na escola: Uma acontece no início do ano lectivo e é direccionada para aquelas que concluíram um ciclo em um clube de interesse durante o período de matrículas. A outra é destinada às alunas que terminam o ciclo no meio do ano e são reintegradas como alunas assistentes.

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Foi no clube de interesse onde Ermelinda José ganhou a motivação de voltar à escola. “Enquanto estive envolvida no clube, adquiri diversos conhecimentos que me motivaram a voltar aos estudos. Descobri que estar grávida ou ter um bebé não deve ser um obstáculo para frequentar a escola. Também aprofundamos os nossos conhecimentos sobre a saúde sexual e reprodutiva e fomos incentivadas a adoptar o planeamento familiar para prevenir gravidezes e seguir com os estudos.”

Actualmente, Ermelinda José é aluna assistente na Escola Básica Mecubúri-sede, a mesma escola onde interrompeu os estudos em 2023 devido à gravidez. No ano lectivo de 2025, ela voltará a frequentar a 6ª classe, mas como aluna efectiva. “Estou feliz porque com o programa AGE aprendi que a escola é o único lugar onde podemos sonhar com um futuro melhor, dai que aproveito esta oportunidade para dar um conselho às raparigas que, assim como eu, estão em casa sem frequentar a escola, para poderem voltar à escola. Vamos todos juntos para a escola”.


A reintegração de raparigas que estão fora do sistema educacional, incentivando-as a retomar os estudos e a manter vivas as suas aspirações para o futuro é liderada pelo programa Avançando a Educação das Raparigas (AGE), uma iniciativa implementada pelo CESC e seus parceiros com financiamento da USAID. Dados do Relatório sobre o Desempenho Escolar referente ao ano de 2023, elaborado pelo Ministério de Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH), indicam que pelo menos 24.800 alunos matriculados da 1ª a 6ª classes abandonaram a escola em Nampula durante o ano lectivo de 2023.

 

 

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