
- “Sempre que nos virem fardados não tenham medo. Estamos aqui para vos proteger…”, disse um militar à comunidade de Nanona. A protecção das FADM não se faz apenas com armas em punho, mas também com lições sobre violência baseada no género e uniões prematuras.
Há menos de duas semanas, a PROMURA (associação baseada em Cabo Delgado), com o apoio do CESC, através do Programa IGUAL, treinou 31 militares (22 homens e 09 mulheres) no Quartel das FADM em Macarara, distrito de Ancuabe, em matérias sobre Violência Baseada no Género (VBG), masculinidades positivas e protocolos de referenciamento de casos de VBG.
Esta quarta-feira (14 de Agosto), dois militares treinados foram à aldeia de Nanona, no distrito de Ancuabe, orientar uma palestra sobre as mesmas temáticas: Sensibilizar a comunidade sobre os riscos e consequências das uniões prematuras e sobre a necessidade de combater a VBG, denunciado os casos que ocorrem localmente.
Sentados no alpendre de Nanona estavam 45 pessoas (26 homens e 19 mulheres), entre elas líderes comunitários, líderes religiosos, o juiz comunitário, a rainha, a matrona e membros influentes na comunidade. Os presentes escutaram atentamente os militares a falarem da importância da educação da rapariga como um dos meios de combate à VBG e das conversas com raparigas e rapazes sobre a saúde sexual e reprodutiva como um direito humano.
Além da importância dos conhecimentos transmitidos sobre a VBG e as uniões prematuras, a palestra serviu para recuperar a confiança entre as FADM e as comunidades numa província com queixas recorrentes de violação de direitos humanos por parte dos membros das FADM. Os militares apelaram a comunidade a denunciar actos de violência, incluindo VBG, cometidos por membros das FADM, através dos pontos focais da PROMURA.
A presença de membros das FADM em Nanona e as discussões à volta dos temas da palestra ajudaram a comunidade a quebrar o medo que tinham dos militares. Os participantes expressaram a sua admiração e satisfação por testemunhar a presença de militares (homem e mulher) na sua aldeia abordando temas como VBG e uniões prematuras.
No final da palestra, os militares disponibilizam os seus contactos telefónicos à comunidade para facilitar a interacção e denúncia de casos de VBG, incluindo a violência cometidas por membros das FADM.